sexta-feira, 7 de novembro de 2008

A Punição dos Mercados Financeiros

As Dimensões da Crise Econômica Atual


A Crise Econômica Atual tem em sua essência o papel do especulador. Mas não vamos julgar aqui se o especulador é bom ou mal à economia, discussão essa antiga e ultrapassada. Entendemos que o especulador é fundamental para a liquidez do mercado como dizia Keynes (ele próprio era um especulador), mas que também foi graças à excessiva ação destes especuladores que a crise se desenvolveu de maneira tão rápida. Mas indo ao que interessa, a crítica que hoje podemos fazer é que, muita gente foi severamente punida pela crise por que quisera brincar de especulador sem sê-lo – lê-se ai produtores específicos que usaram sua produção para especular ganhos em dólar. Ora, não é papel do produtor especular, produtor tem que produzir, a especulação deve ser deixada para os bancos e afins.




Todos os setores produtivos têm dois riscos básicos – os riscos de produção (chuva, acidente, intempéries, etc.) e os riscos de mercado, explicitados no preço de compra e venda. O primeiro pode ser apaziguado através dos seguros normais que conhecemos, já o segundo depende de mecanismos mais complexos, porém nem tão mais complexos, como o hedge e o dólar a termo, em outras palavras, depende do mercado financeiro para manter sua segurança. Ao fazer estas travas de segurança do preço do dólar, o produtor renuncia a possíveis ganhos derivados da flutuação cambial, mas também elimina possíveis perdas. Muitos produtores só enxergaram a renuncia ao ganho, e não enxergaram a seguridade que o mercado cambial poderia oferecer, e hoje, esse mesmo mercado pune estes produtores que exploravam a baixa cotação na obtenção de insumos, estes produtores estavam brincando de especuladores cambiais sem saber. Será que alguma lição será tirada desta época tempestiva?
imagem fonte:blogdofavre.ig.com.br

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

As Oscilações do Petróleo

As Dimensões da Crise Econômica Atual


Hoje, em 06/11/2008, o petróleo atinge a casa dos U$56,54 o barril, numa queda diária de 8,05%. Essa mesma commoditie¹ que há menos de seis meses atingia recordes de preço nas principais bolsas do mundo hoje despenca dia após dia junto com as bolsas globais. Do ponto de vista de oferta e demanda simples essa oscilação é explicável, e o preço do petróleo seria apenas mais uma variável refletindo as tendências dos mercados financeiros de retração, mas do ponto de vista institucional, o petróleo pode ser visto mais como agente causador da crise atual do que como vítima das graves oscilações da crise econômica atual



Se pensarmos que a crise tem como uma das suas fontes a irresponsabilidade da administração Bush quanto aos seus gastos e a consequente elevação da dívida pública, e enxergarmos que grande parte destes gastos está relacionada à guerra do Iraque, fica fácil compreender do que estamos falando. Indo mais fundo, podemos relacionar o petróleo com a crise dos preços dos alimentos que até bem pouco tempo atrás forçou a demanda por crédito que catalisou a derrocada em cadeia das bolsas pelo mundo todo, e isto porque o petróleo faz parte de muitos insumos das cadeias produtivas agroindustriais e a sua alta forçou o preço dessas demais commodities. Sendo que a alta que até o início deste ano se observava para o petróleo, provinha de uma desvalorização do dólar, que, sendo cotado o barril em dólar, fazia com que o preço do barril subisse para manter seu valor. Veja o no gráfico a oscilação do barril ao longo de 2008:




Na medida em que o petróleo é mantido como fonte energética soberana ele começa a respingar seus custos sobre o restante da economia, e se pensarmos sobre as questões ambientais de aquecimento global fica claro que esta é uma tendência que tem que ser necessariamente modificada. Mesmo se pensarmos somente sobre os fundamentos de oferta e demanda desta commoditie vemos um cenário não muito promissor institucionalmente, uma vez que a demanda dos países emergentes deve pressionar a sua produção, cuja qual não sabemos em qual real estado se encontra mas cuja qual também, estudos recentes apontam sérios indícios de escasez, temos um risco de reflexos negativos piores que o atual, como paralisações da produção por falta de energia ou até mesmo acirramento de conflitos bélicos pela posse destes recursos. A caixa preta do "petrobussines" corre assim o risco de se transformar numa caixa de Pandora muito em breve.


¹ Nas relações comerciais internacionais, o termo “commoditie” designa um tipo particular de mercadoria em estado bruto ou produto primário de importância comercial, como é o caso do café, algodão, estanho, cobre, etc ...
imagem fonte:blog.kir.com

sábado, 11 de outubro de 2008

A Crise Econômica Atual

Ano passado, na minha aula de Economia Brasileira, meu professor perguntou à turma: Quem acredita que a crise dos mercados imobiliarios americanos vai atingir a economia real? Ña ocasião, esse economista que vos escreve foi o unico que levantou a mão... um ano depois, posso dizer que uma ponta de razão tinha nos meus pensamentos.




Para muitos, essa ja é a maior crise dos ultimos tempos desde 1929, e se cuidados devidos não forem tomados essa crise pode ainda ganhar dimensões maiores que aquela. Isto porque a dimensão dos agentes envolvidos é muito maior e os mesmos mecanismos que estão fazendo com que a crise ocorra de maneira mais gradual (em 29 e em outras crises ela ocorreu de maneira abrupta) também estão minando as possíveis soluções. A saber: tratam-se dos mecanismos de transação entre os agentes... que são muitos. A crise se estabelece em cada ponto de contato comercial, e ganha força a cada agente que não pode honrrar seus compromissos. Da mesma maneira, tentar solucionar a crise é fazer o caminho contrário tendo que resolver o problema de cada agente, ou ignorar a importância comercial de cada qual.



Dessa forma, o número de variáveis envolvidas é tal que torna quase impossivel uma reação imediata das autoridades econômicas em contra-tempo ao alastrar da crise. Dados preliminares mais pessimistas apontam um crescimento pela metade da China para o próximo ano e uma desaceleração de 40% da economai americana. Se isto se confirmar a balança comercial brasileria será seriamente afetada, e será questão de tempo para que o emprego e a renda dos brasileiros sejam afetados. Mas sabemos que em economia nunca subimos ne descemos para sempre... mas também devemos saber reconhecer tais momentos...

terça-feira, 6 de maio de 2008

O Petróleo





Costumo dizer que em economia devemos enteder as entrelinhas de cada notícia. Em muitos casos podemos até seguir a regra da reação de mercado, afinal cada notícia de importante fonte é pensada, antes de ser dada, em como ela impactará sobre os agentes economicos em geral. É nesse momento, o da construção da notícia, que devemos remeter nossas mentes quando analisamos alguma veiculação econômica.


Podemos tomar o caso do petróleo como parâmetro de análise. O quão real é a sua escassez que alguns alarmam? O que as novas descobertas recentes no Brasil teriam a expressar?
Basicamente devemos conectar as duas noticias comuns dos jornais atuais e observar qua escassez do petróleo não é exatamente de ordem física, ou seja, não é exatamente da falta do líquido negro em si, mas do desequilíbrio entre oferta e demanda do bem a ser ajustado pelo preço. O preço que em si carrega a qualificação ou não das novas jazidas descobertas no Brasil, que apenas são viáveis com um patamar de custos pagos elevados.
O petróleo pode ser observado como os demais bens no sentido de que possui os mesmos fundamentos econômicos que estimulam sua produção ou não. Existe muita mitologia a respeito da política ao redor do petróleo e da sua distribuição, no entanto, a alta dos preços atuais do ativo são o indício de duas possíveis coisas: o petróleo esta sendo ajustado à demanda crescente dos países emergentes através do seu preço, ou a sua oferta está chegando em patamares de déficit acentuado.
Não se tem como obter a resposta certa no momento porque o setor é uma caixa preta na qual nem os maiores produtores sabem da produção de seus vizinhos. Como interpretar as recentes notícias então? Com a cautela de quem navega em águas desconhecidas, porque podemos estar entrado numa era ecônomica diferente de todas as outras.